Pular para o conteúdo principal

ESPORTE - É necessário um choque de capitalismo no futebol brasileiro, diz Juca Kfouri

ESPORTE - É necessário um choque de capitalismo no futebol brasileiro, diz Juca Kfouri

Cronista esportivo defende que as prioridades de uma política progressista para o esporte são a saúde pública e a democratização de acesso


(Foto: Foto: Reprodução)

Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (28/06), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o jornalista e cronista esportivo Juca Kfouri sobre o papel do futebol e do esporte no Brasil.
Para ele, ao contrário do que se pensa, o futebol “não é alienante, é mobilizante”. Por isso, ele lamenta que o esporte já não desempenhe o papel que desempenhou no século 20, resultado de uma má e obsoleta gestão de clubes e campeonatos, decadência dentro dos campos e corrupção fora deles.

“É necessário um choque de capitalismo no futebol. Hoje viramos um exportador de commodities. Vão para a Europa jogadores de 16, 17, 18 anos que a gente nunca nem viu jogar no Brasil. Temos um modelo de gestão amadora em uma indústria muito profissional, que faz com que os dirigentes enriqueçam às custas dos nossos times”, criticou.


Um dos problemas que ele identificou foi o monopólio da Rede Globo no financiamento do futebol a partir da renda de direitos de imagem, “mas a questão do futebol é tão miserável que pior ainda estaria a coisa se não fosse o dinheiro da Globo”.

Segundo Kfouri, os direitos de imagem deveriam estar divididos entre todas as emissoras. Ele relembrou que existiu um projeto de lei para realizar essa divisão, não só na TV, mas entre as diferentes plataformas, rádio, internet, entre outras, “mas foi dinamitado pelo Andrés Sánchez [ex-presidente do Corinthians], que era deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, porque teve medo de não saber vender seus direitos com o Corinthians sendo um dos times mais beneficiados pelo monopólio”. 

O cronista lamentou a falta de políticas públicas para o futebol e o esporte em geral no Brasil, reprovando inclusive governos de esquerda: “Nenhum dos nossos governantes, incluindo Lula e Dilma, olharam para o futebol como deveriam”.

Kfouri disse que teve esperanças com Lula, cuja primeira lei que assinou foi o estatuto do torcedor. “Comemorei, mas um mês depois ele apareceu com o Ricardo Teixeira [então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)], e nada mudou”, confessou.

Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil

Avaliando os governos do PT e sua gestão na área esportiva, Kfouri analisou a realização da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil. 

Com relação ao primeiro evento, “fazia todo o sentido sediá-lo no Brasil”, devido à trajetória da seleção brasileira, maior campeã do torneio, com cinco títulos. 

“O erro foi querer fazer a Copa da Ásia ou a Copa da Alemanha no Brasil, se curvando às corrupções, autoritarismos e arbitrariedades da FIFA. Embora ela tenha pedido oito estádios e nós fizemos 12 para atender a interesses de governadores. Só que em vez de dar um tapa no Morumbi [estádio Cícero Pompeu de Toledo, do São Paulo], fomos construir o Itaquerão [estádio do Corinthians]. Em vez de dar um tapa no Maracanã, a gente derrubou para fazer outro”, refletiu.

As Olimpíadas, por outro lado, “nem sentido tinha fazer”. De acordo com o jornalista, não houve legado esportivo nenhum, pelo contrário: “Houve uma tragédia. Acabou a Bolsa Atleta”.

Ministro do Esporte

Corinthiano, mas fã do Santos e de Pelé - “melhor jogador do mundo em todos os quesitos” -, Kfouri discorreu sobre as políticas esportivas necessárias e qual seria seu programa mínimo caso ele fosse ministro do Esporte.

“Colocar o esporte como fator de saúde pública. Não como gerador de medalha de ouro, porque estamos longe de ser uma nação assim, ainda somos uma nação que deve olhar para o esporte como saúde pública. A cada dólar que você investe na democratização do esporte, você economiza três em saúde pública”, ressaltou.

O jornalista defendeu a necessidade de colocar a infraestrutura esportiva disponível, inclusive privada, à serviço da população. 

“Tem que abrir as escolas, os estacionamentos dos bancos e os quartéis de fim de semana para que jovens, adultos, idosos e pessoas com deficiência possam jogar e interagir. Não é função do Estado produzir atletas, mas impulsionar o esporte. Com a facilidade que o brasileiro tem para esportes coletivos com bola, só fazendo isso o aumento na qualidade saltaria aos olhos”, reforçou.

Para ele, Cuba é o modelo a se copiar. Produtor de atletas de alto nível em esportes como vôlei e basquete, o país incentiva o esporte de rua, melhorando também, de forma automática, a qualidade de vida da população.

“A expectativa de vida em Cuba é mais alta que nos Estados Unidos. Então, assim, aquele jovem não virou jogador de basquete? Tudo bem, mas vai crescer com a saúde de um atleta”, argumentou. 

Créditos Brasil247

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Léo Scienza brilha nos acréscimos e garante permanência épica do Heidenheim na Bundesliga

  Léo Scienza brilha nos acréscimos e garante permanência épica do Heidenheim na Bundesliga O futebol alemão viveu um momento de pura emoção neste final de temporada. O Heidenheim, que lutava para permanecer na elite do futebol germânico, conquistou a manutenção de forma dramática graças a um herói improvável: o brasileiro Léo Scienza. Na segunda mão do play-off de promoção/manutenção contra o Elversberg, o Heidenheim precisava de um resultado positivo para evitar a descida. Depois de um confronto extremamente equilibrado, a decisão veio nos acréscimos do segundo tempo, quando Scienza marcou aos 50 minutos e selou a vitória por 2 a 1 fora de casa. No agregado, o placar ficou em 4 a 3 para o Heidenheim. O gol histórico do atacante brasileiro não apenas garantiu a permanência do clube na Bundesliga pela terceira temporada consecutiva, como também frustrou o sonho do Elversberg de alcançar a primeira divisão pela primeira vez na história.  A atuação decisiva de Léo Scienza nos in...

Atleta do Exército comenta conquista de vaga para os Jogos Olímpicos Rio 2016

Brasília, 29/12/2015  - O ano de 2015 foi especial para a 3⁰ sgt do Exército Brasileiro Iris Tang Sing, atleta do taekwondo. Depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Mundiais Militares (JMM), em outubro deste ano, Iris foi a primeira lutadora brasileira, na categoria 49kg, a garantir vaga no taekwondo nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Foto:Felipe Barra Os atletas do PAAR dispõe de instalações esportivas militares adequadas para treinamento Por ironia, a conquista da vaga veio após uma derrota no Grand Prix do México, no inicio deste mês. Mesmo assim, a atleta conseguiu ficar entre as seis primeiras do ranking e garantiu a vaga para a Olímpiada. Ainda neste ano, a lutadora do Exército já havia conquistado duas medalhas de bronze. A primeira na categoria até 46kg, no Mundial de Chelyabinsk, na Rússia, e a segunda, na categoria até 49kg, no Pan de Toronto, no Canadá. A atleta conta que o ouro conquistado nos JMM ajudou a garantir a vaga nos Jogos Olímpicos. “Com a p...

LFS Esporte - Retrospectiva: as Mulheres Que Brilharam nos Esportes em 2024 - créditos Forbes

LFS Esportes -  Retrospectiva: as Mulheres Que Brilharam nos Esportes em 2024. Créditos Forbes. Receba a LFS Esporte no seu whatsapp:  https://chat.whatsapp.com/BrVzWiDsXt1IEE4MwNUabK  ------------------ Retrospectiva: as Mulheres Que Brilharam nos Esportes em 2024 Em ano olímpico, as mulheres se destacaram em Paris. No Brasil, das 20 medalhas que os atletas trouxeram para casa, 12 foram de mulheres, inclusive os únicos três ouros. Dentre os quatro multimedalhistas brasileiros dos Jogos de Paris, três são mulheres:  Beatriz Souza  (ouro na final da categoria +78kg do judô feminino e bronze por equipes) e  Larissa Pimenta  (bronze na categoria até 52kg do judô feminino e na disputa por equipes), cada uma com duas medalhas, e  Rebeca Andrade , com quatro (ouro no solo, duas pratas, no individual geral e no salto e um bronze, na disputa por equipes). Leia a matéria completa → Créditos Forbes